Quem pensa que os sistemas de pensões são algo alheio ou chato é que ainda se sente jovem. Ou não conhece o Brasil. Há semanas que as famílias, a imprensa e o Congresso discutem sobre como desativar a bomba explodiu em que se tornaram as aposentadorias. Um processo em que as filhas de militares são as vilãs preferidas. Acontece que 110.000 brasileiras que consultar extrato inss 2020 desfrutam de uma pensão vitalícia herdada de seu pai, que é compatível com o fato de ter um emprego, mas incompatível com ter um marido. Estas solteiras ganham um salário mensal de cerca de 6.000 reais (1300 euros), em um país onde dois terços de seus compatriotas vivem com seis vezes menos: 998 reais, o salário mínimo. Embora privilegiadas, elas não são as mais privilegiadas se obviamos que não tiveram que trabalhar para desfrutar desse direito.
A verdadeira casta –parte do 1% do Brasil– são os parlamentares com 6.200 euros por mês e os juízes. Uns e outros podem retirar-se logo. Não só isso. Eles terão a última palavra na hora de remover (ou não) os privilégios dos cargos providos.
Reforma da previdência – Vai sair?
A missão de reformar o sistema atual é de envergadura, que é vital para as contas públicas e a economia. O anterior presidente fracassou e agora ninguém dúvida, no Brasil, de aprovar (ou não) um sistema que substitua o atual é o que definirá o mandato de Jair Bolsonaro. As pensões dominam os noticiários, os jornais lançaram aplicativos para calcular como ficaria a paga… e #OuReformaOuquebra foi um dos assuntos mais comentados no Twitter no fim de semana.
Comparado com o resto do mundo, recolhem-se jovencísimos. As brasileiras, aos 53 anos de idade; eles, aos 57 de media porque é um dos poucos países sem idade mínima de aposentadoria. Basta contribuir três décadas ou mais. Precisamente nestes dias retirou-se para os 55 o juiz mais antigo do caso de corrupção Lava Jato. A partir de agora irá trabalhar de consultor.
O intenso debate está repleto de milhares de números, todas de enjoo. Aqui algumas essenciais. As pensões devoram 58% do orçamento, o triplo do que se investe na soma de educação e saúde; a Segurança Social absorve um 12,7% do PIB… um recuo. A reforma, que ainda tem meses de tratamento por diante, pretende-se economizar em uma década 1,16 bilhões de reais (263.000 milhões de euros).